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Saudade do que vivi, do que poderia ter vivido... saudade do que não volta mais: um breve olhar sobr


Texto originalmente publicado em 07 de Julho de 2016

Nem um dia inteiro se passou desde que decidi escrever como Psicóloga no IG (@anamarthalimapsicologia) e várias sugestões já chegaram! Por ora, trarei discussões mais pessoais que aquelas que podem ser acessadas no nosso querido Google.

Vou priorizar, só por hoje, as duas primeiras sugestões que se referem a um tema muito recorrente em nossas vidas, o luto.

A primeira coisa que me veio a cabeça foi: que tipo de luto? Sim, existem vários tipos, por assim dizer, de luto. Não se refere apenas à perda de alguém, mas também à perda de algo significativo. Uma forma bem simples de compreender esse estado afetivo é entendê-lo como a experiência de uma mudança muito impactante na vida. Por exemplo, a saída da infância pode ser dolorosa por conta das perdas que essa transição implica. Perdemos algumas regalias e ganhamos algumas responsabilidades essencialmente sociais. Lembro que de repente já não “deveria” brincar com alguns brinquedos que gostava... eram “coisas de criança”. Algo muito marcante pra mim foi quando passou a ser “estranho” pedir colo aos adultos. Vinha um “não pode!” à mente...

Esses exemplos podem ser generalizados para outras situações. A saída de um emprego, o fim de um relacionamento ou mesmo a perda de alguém que ocupava um lugar especial…

Mas a questão é… o que fazer quando estamos/nos sentimos assim? O que seria viver o luto de uma maneira saudável?

Bom, essa experiência implica em viver sentimentos, sensações e pensamentos que consideramos “ruins”. Nossa cultura atribui significados negativos àquilo que acontece embaixo da pele e também ao que fazemos enquanto estamos assim. Geralmente queremos ficar sozinhos, quando o mundo pede que a gente vá à festa. Nossa concentração diminui, quando deveríamos ser produtivos. Procuramos conforto, quando o mundo nos desafia..

Uma consequência é que tentamos evitar, amenizar, aliviar essa experiência. Nessa tentativa passamos a nos comportar nos afastando de coisas importantes para o nosso desenvolvimento.

Viver implica em passar por situações dolorosas, mas a dor tem um lugar importante. É necessário vivê-la, conhecê-la para que possamos aprender com ela. Crescer está ligado com superar as dificuldades e não minimizá-las. Já ouviram que é na crise que uma sociedade progride? Pois bem, é assim com a gente.

* Em breve vou discutir a nossa relação nada saudável com a dor.


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